sábado, 21 de junho de 2008

De todos os tormentos
O existir
Forma branda dos lamentos
De uma vida a se extinguir

De todas as tentativas
A falha
De ocultar as formas vingativas
Desta pobre alma em mortalha

Na medíocre busca vã
De avultar-se entre os errantes
E procurando com tal afã
Com mui força, mais que antes

Eleva-te em prantos
Tu que procura alento
Entre ferimentos tantos
Um bálsamo neste momento

Uma busca incessante
Por respostas, confirmações
Uma caminhada perturbante
Desamores, decepções

Velho hábito melódico
De amar e entregar-se
Um mesmo fim melancólico
Por sempre enganar-se

Na mirante alma abatida
Vagando num mundo de sonho
Triste, vil, deprimida
Num pesadelo medonho

Entre tantos grilhões
Condenada a perfídia
Encerrada em prisões
Pobre alma sem vida

Ana Paula Wesendonck e Gilson Fernando




Viver


Viver
É com certeza a palavra
que mais tenho proferido
Nesses longos anos
que se passam tão lentos
E dolorosos que mais parecem
uma eternidade

Viver
Querer viver
Sem dúvida
é uma experiência da qual
Eu certamente adoraria
ser cobaia

Uma difícil missão
para pobres mortais
Já que a grande maioria
apenas existe
E muitas vezes
Uma existência vazia, oca, sem valor
Um existir frio, seco
Certamente movido por odio e rancor

Uma metamorfose
Talvez constante
ou uma fase
Passageira e errante